Foto: Folha do Cacau
Um minuto de silêncio foi respeitado logo no início da sessão da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (27), a pedido do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) como homenagem póstuma ao doutor em Engenharia Agronômica Wanderlino de Medeiros Bastos, que morreu em Camacã, no Sul da Bahia, onde passou a viver pelas últimas duas décadas.
“Ele é o pai do cooperativismo e da revolução que se deu na cafeicultura do Espírito Santo, a partir de São Gabriel da Palha, na década de 70, onde, junto com Dário Martinelli e outros grandes agricultores liderou a renovação das lavouras de conilon, levando o Espírito Santo a ser o maior produtor desse tipo de café no Brasil”, disse Enivaldo.
Foi em São Gabriel da Palha que Wanderlino desenvolveu um canteiro de mudas de café clonal em tubete, o que introduziu a cafeicultura capixaba na era da tecnologia, segundo palavras do também agrônomo José Carlos Gava Ferrão, hoje também produtor e consultor no Sul da Bahia.
Coube, posteriormente, a Wanderlino outro pioneirismo: introduziu a cultura do café na região Sul baiana, onde também implantou as lavouras de açaí, fruto típico da região amazônica, antes mesmo de o consumo ser moda nas cidades.O engenheiro pioneiro não resistiu a uma doença pancreática. Seu corpo foi cremado em Camacã, onde morava.
Muitas pessoas que conheceram o trabalho de Wanderlino Bastos repercutiram sua morte: “Wanderlino foi um agrônomo pioneiro na clonagem de café, com forte impacto na renovação das lavouras de café conilon no Espírito Santo, ao introduzir a tecnologia de mudas por tubetes. Neste sentido, ele selecionou dois clones, o G30 e o G35, que até hoje são muito plantados no Espírito Santo. Desenvolveu tudo isso no viveiro dele em São Gabriel da Palha, de onde vendeu milhões de mudas para renovar as lavouras. Foi um cientista do café fundamental para que a cafeicultura tomasse um rumo mais tecnológico. Seu trabalho também no antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café) foi muito relevante para a agricultura capixaba”. José Carlos Gava Ferrão, Eng. Agrônomo, consultor e cafeicultor.
“É o responsável pelos primeiros viveiros de muda clonal do café conilon. Tinha um viveiro próximo à estrada ligando São Gabriel da Palha a Nova Venécia. O Paulo Galvão, à época secretário de estado da Agricultura, no governo Max Mauro, com quem trabalhei, comprou mudas do viveiro dele e criou 12 outros jardins clonais em diversos municípios, espalhando a tecnologia entre os produtores. A Emcapa, hoje transformada em Incaper, junto com a a Emater, iníciou às pesquisas logo a seguir, na fazenda experimental de Rio Bananal”. (Carlos Fernando Lima, jornalista)
“Uma grande perda para o Espírito Santo. Por coincidência perguntei por ele a um amigo de São Gabriel da Palha, que não tinha notícias. Conheci Wanderlino no começo dos anos 80, quando produzimos várias reportagens sobre seu trabalho com a cultura do café. Na época eu integrava a equipe do Jornal do Campo, dirigida pelo colega Ronald Mansur - a maior autoridade em café na imprensa capixaba. E assim tivemos muitos contatos com o saudoso Wanderlino, até que se mudou para a Bahia, para onde foi desenvolver mais um grande trabalho”. (Agnelo Santa Fé de Aquino Neto, jornalista).